Criar um Site Grátis Fantástico
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese
Votação
Quem será o Presidente da CMSM
Hermenio Fernandes (MPD)
Carla Carvalho (PAICV)
Nha Correia (Independent)
Nenhum
Ver Resultados



ONLINE
2


Partilhe esta Página

Calheta de São Miguel: Homem agride mãe e é esfaqueado pelo irmão

Um homem vai ser apresentado ao tribunal, este sábado, por ter esfaqueado um irmão que terá agredido a mãe deles.

Calheta de São Miguel: Homem agride mãe e é esfaqueado pelo irmão

O caso aconteceu, na noite de ontem (sexta-feira) na localidade de Varanda, em Calheta de São Miguel.

O irmão ferido, conhecido por Bayaia, foi evacuado de emergência para o hospital regional Santiago Norte.

A mãe, Nanda, ficou em observação no Centro de Saúde local, depois de ter sido agredida nas costas pelo filho esfaqueado, momentos antes do sucedido.

Já o outro interveniente, Luís Miguel, foi detido pelo Polícia Nacional. Vai ser apresentado este sábado ao Tribunal da Comarca do Tarrafal, para conhecer a referida medida de coação.

GSF

Um homem vai ser apresentado ao tribunal, este sábado, por ter esfaqueado um irmão que terá agrido a mãe deles.

Carla Carvalho
Carla Carvalho

Carla Carvalho começou cedo a destacar-se no meio escolar e hoje mestre percorre um caminho sólido a caminho do doutoramento. Feminista e optimista assumida, está entre os quatro jovens seleccionados a participar no programa YALI.

 

Aos 10 anos, nos anos 90, já se sentia à frente do seu tempo ao ser uma das únicas meninas da escola a vestir calças. Carla Carvalho é natural do concelho de São Miguel, ilha de Santiago, e cresceu com os avós e mais tarde com tias na Praia.

Quando terminou o ensino secundário, Carla aventurou-se e partiu rumo à China para dar continuidade aos seus estudos. Porém o amor falou mais alto e, passado pouco tempo, regressou a Cabo Verde. Casou-se aos 19 anos e mais ou menos um ano depois foi mãe pela primeira vez.

Após uma pausa de dois anos em que esteve cem por cento dedicada à família, Carla retomou os estudos aos 21 anos inscrevendo-se na Universidade Jean Piaget.  Licenciou-se em 2005 em Sociologia. “Quando defendi a monografia do bacharel destaquei-me como uma das melhores alunas e fui convidada para ser, no 4º ano, aquilo que na universidade chamavam de monitora”, conta.

Carla não quis perder mais tempo e logo a seguir inscreveu-se no mestrado em Ciências Sociais na Universidade de Cabo Verde. Em 2009, altura em que teve que fazer a dissertação, começou a interessar-se pelas questões de género. “Foquei-me no trabalho no meio rural na perspectiva de género, mais precisamente nas mulheres que fazem o grogue”, explica.

Os desafios multiplicavam-se e Carla recebeu então um convite da universidade pública para leccionar e ser coordenadora dos cursos de Relações Públicas e Secretariado Executivo.

Diz que quando envolve-se num projecto tenta sempre destacar-se pela positiva. Desde Março último que exerce o cargo de presidente da ‘Escola de Negócios e Governação’ da Uni-CV embora totalize já cinco anos com a equipa.

Carla considera que a sua liderança tem-se materializado “mais ao nível da universidade e do meio académico” mas já integrou também a lista das eleições autárquicas para o concelho de São Miguel e criou, com um grupo de quadros do concelho, um ‘Fórum Pensar para Desenvolver São Miguel’.

“Considero-me uma feminista que defende o equilíbrio e a igualdade”

As questões de género têm estado bem presentes na vida de Carla. Já trabalhou de perto com o ICIEG - Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género – mas também colabora com o ‘Centro de Investigação e Formação em Género e Família’ da Uni-CV.

“Quando conhece-se os dados e a realidade, vê-se que de facto existem diferenças. Muitas pessoas quando pensam em género pensam logo em mulher e que é para defender a mulher. Mas não. Quando desagrega-se os dados por sexo vê-se as diferenças que prejudicam o desenvolvimento tanto da mulher como do homem.”

Carla considera-se sim uma feminista que defende acima de tudo a igualdade. Na última revisão curricular, Carla propôs a introdução das questões de género enquanto módulo em algumas disciplinas nas universidades.

“Eu candidatei-me para o programa YALI pela defesa das questões de género que faço dentro da Universidade”, explica.

“Não sou uma desistente”

Carla “não estava confiante” quando decidiu concorrer para o Programa Jovens Líderes Africanos (YALI). “Ainda assim pensei que o trabalho que tenho feito no sentido de se introduzir as questões de género nas universidades pudesse ter interesse”.

Preencheu a candidatura aos poucos e só a submeteu no último dia do prazo. “Pensei que não tinha nada a perder e lutei pelo sim!”.

Carla esteve cerca de mês e meio à espera até a primeira pré-selecção. Ficou entre os 20 escolhidos para a entrevista e quando menos esperava recebeu a notícia de que estava entre os quatro jovens seleccionados para integrar o programa.

“Acho que viram no meu percurso uma pessoa que luta para alcançar os seus objectivos e sonhos apesar de todas as dificuldades. Não sou uma desistente. Quando acredita-se tudo é possível.”

Reconhece num líder a capacidade de influenciar os outros e acima de tudo a disponibilidade para servir os outros. “Considero-me uma pessoa muito compreensiva e sempre disponível para ouvir os outros.”

De entre os três níveis de liderança que tinha à escolha, Carla optou pela Gestão Pública. “Nos EUA vou para uma Universidade onde estão muito centrados na liderança feminina na gestão pública. Vou passar 6 semanas debatendo essas questões. É mesmo a área em que trabalho.” Durante esse período cada um dos quatro jovens cabo-verdianos irão ficar numa universidade diferente e na fase final encontrar-se-ão em Washington para a esperada cimeira com o Presidente Barack Obama.

“Acho que o que nos destaca é acreditarmos e sermos humildes e querermos fazer algo em prol do outro. E não negamos trabalho. Às vezes pode ser cansativo mas o sentimento de entrega e de partilha porque se quer que também o outro desenvolva é bom ... O sentimento do não- egoísmo.”

“Obama tem uma atitude de coragem, compromisso e humildade”

Carla Carvalho tem três grandes objetivos com esta viagem aos EUA. O primeiro é desde logo “aprender ao máximo”. Mas quer também partilhar experiências com outros africanos que também foram seleccionados para o YALI. “Estou muito interessada em saber o que estão a fazer, o que estão a discutir, os seus problemas. Quando fala-se em África pensa-se que é tudo homogéneo mas cada país tem a sua experiência”.

O terceiro objectivo, como não podia deixar de ser, é chegar até Barack Obama. Primeiramente ouvi-lo e quem sabe, se se proporcionar, falar com ele.

“A história de Obama é inspiradora. Só pelo facto de um homem negro conseguir, em tão pouco tempo, a trajetória que ele conseguiu. Com a sua atitude de ‘Sim, eu posso’, lutou para poder. Lá no fundo acho que tenho um pouquinho dessa atitude que se traduz em coragem, compromisso e humildade.”

O doutoramento é o passo seguinte

Carla Carvalho já sabe o que quer para a fase pós - YALI. “Quero continuar o meu trabalho nas universidades mas também na comunidade e acima de tudo mostrar às pessoas que com uma trajectória de esforço consegue-se mudar. O facto de se ser jovem não significa que não se possa ser líder e influenciar o desenvolvimento de um país.”

Com 34 anos e três filhos, Carla conta que está já matriculada no doutoramento que será em “Estudos de Desenvolvimento” no ISEG em Lisboa, Portugal. Um pós-doutoramento faz também parte dos seus planos para o futuro.

 

@Cláudia Marques

23.06.2014